Decifra-me

com teus olhos desnudos, negros, a pousar sobre mim
percebo sua gula no meu colo
a necessidade de degustar-me
decifra-me, decifra meus desejos
devora-me, de uma vez, por inteiro
me submete aos teus desejos
a tua vontade, a tua pele, negra, quente.
roça seus pelos nos meus
repousa sua cabeça sobre mim,
e escuta minha respiração,
clamando a ti.
clamando teu desejo a pousar sobre mim
só me dou por inteira, inteira.
possua -me!


Devora-me.

e na tua frente te devoro
te consumo, te desejo,
olhos, corpos em brasa
pele na pele
fluir
devir
ir e vir
você explode dentro de mim
na minha mente.

seu silêncio corrói.
termine o  que começou.
não tenho pressa, mas tenho fome
de ti
um dia quem sabe
você me consuma em brasa
e me devolva pura cinza.

Ato V

E dançavam na cama numa perfeita cadência dos corpos.
Música nos ouvidos
Dançavam numa sincronia perfeita.
e na troca de olhares : energia, sinergia.
.
.
.
Depois da dança um café
um cafuné
um cochilo
um beijo
uma música mais lenta
"melhor ir agora"
um beijo e nunca mais.