horizontes.

desconhecidos
que velhos companheiros
um dia foram
não se tocam mais

na mesma cama dormem
cada um para um lado
não se enunciam
não se olham mais

a morte do amor
do carinho cúmplice diário
encantador calor

o nascimento da distância
fria, amarga, diminuta e crua
a lança no peito, coração a sangrar sua dor

Superlua

Sou filha da noite, me encontro na escuridão
Em pensamentos recônditos
Que na podridão do mundo
Não se escondem

Regida pela lua
Uivo minha dor
Num cântico interior
Que consome minha carne

Carne pútrida, carne esguia
Diminuta virtude
Nos vícios me perdi

É o cheiro da humanidade
Sem caminho, sem luta, vida remediada
É o mesmo cheiro que do esgoto exala

niilirismos

Delírio.
Consumido pelo fogo,
Desejo.
Mutável mutante,
Como o devir pré-socrático,
se perde pelas
Ideias/formas
platônicas.
Ignora a virtude
aristotélica
Pairando pelo gozo
sadiano.
Transportado pelo
super homem afetado
pelo delírio cotidiano,
só vê a vida
pelas miragens estéticas.
a vida sem
arte
é tédio
ou
sofrimento