Palavras cuspidas
no rosto, com fogo.
Disspadas
Mastigadas

Rasgantes
Cortantes
Cravejadas em meu peito

Vejo que não há mais espaço para mim
Eis a hora em que apago as luzes
E me retiro daquele butequim.

Fluxo.

Eis que chega o momento tênue entre ficar e ir. Momento cujo não quero voltar. Não posso. Palavras são balbuciadas e não sei mais por que surgiram: pela dor do ir, ou por esse momento que chegou. Chega de mal querer-me. É mais que um pedido de socorro. É grito de desabafo. Um olhar de liberdade.

Abulia.

E o que por muito tempo me deu prazer, hoje não dá mais prazer algum.

" Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que serão diferentes dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música. E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então será maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo."

O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint-Exupery