Aquele olhar anêmico mostrava desapontamento, frustação.
As palavras arranhavam a garganta, que estava seca.
Faltava - lhe os sentidos
Onde estará meu tato ?
Aquecido pelos atritos da vida que nele se cumpria
Que intimidades sufocantes.
Que relacionamento perigoso.
Ao meu seio, este prazer indizivelmente doloroso.
Insensato.
Obsceno.

Falta de ar.
Falta de espaço.
Uma prisão insuficientemente esterilizada.
A obscuridade,
A doença,
Os cheiros.
"Eu quero permanecer queimando
mesmo que isso venha a me destruir.
Eu vivo somente para o êxtase,
nada mais me afeta
Pequenas doses, 
amores moderados,
Tudo isso me deixa fria e apática.
Eu gosto de extravagâncias quentes,
de suor humano
Sexualidade que explode o termômetro.
Eu sou neurótica, pevertida, destrutível,
Flamejante, perigosa, inflamável, 
incontrolável.
Eu me sinto como animal selvagem que escapa do confinamento."
Anais Nin

Recôndito desejo.

Seu olhar lacivo, intimista sobre meu corpo semi-nu,
Finjo um descaso,
mas quero ir até ti, para alcançar o infinito.
Eu quero fazer o sol parar de se pôr.
Se eu pudesse mudar esse desejo inquieto de ser surpreendida...
Não quero me esquecer o que é felicidade,
Eu quero fazer o sol parar de se pôr.
Oh, não deixe-o ir.
Nem me deixe aqui .

Dinamismo Estático.

Chove lá fora. Chove cá dentro também.
Cheiro de maquiagem, de farsa.
Teatro de circo, insisto, persisto.
Rumor, teor, calor.
Falsos diálogos.
Agora só resta eu, o copo de vinho , e a poeira.
Não há mais festa, não há mais brindes.
Nunca houveram convidados.
Festa de uma pessoa só.
Meu ego
Narcisista, intimista. solitário.
Sorrisos gastos, ingratos.
Chove lá fora. E ainda chove cá dentro também.