Superlua

Sou filha da noite, me encontro na escuridão
Em pensamentos recônditos
Que na podridão do mundo
Não se escondem

Regida pela lua
Uivo minha dor
Num cântico interior
Que consome minha carne

Carne pútrida, carne esguia
Diminuta virtude
Nos vícios me perdi

É o cheiro da humanidade
Sem caminho, sem luta, vida remediada
É o mesmo cheiro que do esgoto exala

niilirismos

Delírio.
Consumido pelo fogo,
Desejo.
Mutável mutante,
Como o devir pré-socrático,
se perde pelas
Ideias/formas
platônicas.
Ignora a virtude
aristotélica
Pairando pelo gozo
sadiano.
Transportado pelo
super homem afetado
pelo delírio cotidiano,
só vê a vida
pelas miragens estéticas.
a vida sem
arte
é tédio
ou
sofrimento

Maldita Palavra

Mal dita palavra
nada estática
de múltiplos significados
e dúbias interpretações.
Querido substantivo
não te sejas arrogante
não demostre ignorância
não aspire a verdade
te contentes como
instrumento de
criativos
literários
loucos
poetas
libertinos
desvairados.

Hectoédrico

cem faces da mentira
no palco da vida
que tu pensas levar
no escárnio
que você carrega no peito
e finge.
E finge não existir

Baby I'm gonna leave you

Um escárnio bipolar
uma poesia de-cadente
uma estrela
que insiste em brilhar
mesmo que morta
estamos mortos, natimortos
esperança,
tão bonita no papel.

Amanhece na loucura
o desejo impulso real.
A leveza da beleza sentida
ouvida e pulsada.
O ágape puro e válido,
reafirmado pelas vontades
não negligenciadas.
A frivolidade sem culpa,
vivida permitida.
O grito pulsante
em um gozo
de cátions e ânions,
preso em um ventre dolorido,
cortante,
em uma violência
ora grotesca
ora sublime
que cresce sem cessar.
De-vaneios
  -sejos
  -lírios
em uma folha
manchada pelo
vinho
escarlate
como o sangue
que percorre
frenéticamente
minhas veias,
artérias,
no corpo
em evidência
em um materialismo
vulgar
realístico
paradoxal.

A ação desmedida
abre caminhos
abre feridas

a ação desmedida
abre minhas pernas
abre minha vulva

A vontade desmedida
pela moral é
morta

Moral medida
mediana
castradora

a razão
morre quando nasce
o desejo

o desejo
morre quando nasce
a razão

a razão regra
regradora
dominadora

rouba minha libertinagem
transformando
em pura e falsa liberdade
Por-se à prova
das vontades.
Querer?
Não se sabe.
Certeza não se tem
Imposições desproporcionais.
Insatisfação,
isso sim há.
Depende-se do outro
Mas diálogo é inxeistente
Monólogo!
Eu, Eu, EU!
Egoísmo
Egocêntrico.
Escondido de falsas
malditas
verdades.
Meu orgulho
e o meu desejo
forças opostas
que se disputam,
qual têm mais força?
Quem ganhará tamanha disputa,
quem irá me desarmar por completo,
quem dominará o
meu ser?
Desejo.
Pois tu consciente do meu masoquismo
me esnoba,
me machuca,
Sabe que meu desejo por ti apenas aumenta.
Teus olhos ardentes me liquefazem;
tua maldade me esquenta;
teu vício é ver-me sofrer;
teu vício é possuir-me;
teu vício é viciar-me.
Palavras,
bestas, bobas
saem de mim
quando em ti pouso meu olhar.
tu és para mim belo,
e por ti cometo loucuras.
apenas consigo viver sob
as miragens estéticas
apenas sob o furor de Eros
a vida se faz suportável
clamo a ti e a teu corpo quente.
desejo a sua mão batendo sobre meu corpo
ardente-mente.
queimo como brasa,
me desfaço em cinza.
sou fogo puro,
chama viva.
inapagável.
ardendo em febre,
por ti eu deliro,
por ti me humilho
suplico
me atiro sobre o mar.
A lei do desejo
é apenas a
cadência
feita de sonhos
movida pelo
suor
de corpos enlaçados
e na carícia
dos beijos
a lei que resta
é a do
desejo.
Autônomo
Autófago
tão livre
tão só
faminto e audaz
embriagado e confuzo
devora-se na solidão
Não sei se fico,
e se ficar não sei
se feliz ou se triste.
Indiferente.

se ereto me contento
na malemolência
irrito-me.

No coração poema
na terra, flor.

Ao nascer dor
pra morrer, amor.
Perdi.
por entre papéis, lápis
tipografia, arial ou times?

Me perdi.
Por entre corredores, cavernas
cadeiras e tinta de mimeógrafo.

Me encontraria.
Um dia descobrirei meu corpo
estendido por detrás de uma
mesa organizada, limpa com
cloro e álcool absoluto

Me achei.
Por entre cordas como um fim
premeditado, âncora jogada ao mar
como um barco que acaba de chegar
ao seu destino.
Angústia
que sobe e desce no peito
pedindo para sair
Como pássaro enclausurado
na gaiola

Machucado coração,
inconcluso, inconstante,
sistólico, diástólico,
arrítmico, ansioso,
doente e ignorante

Sentimento
dúbio, duvidoso
Querer e não poder.
Meu não é, possuir não existe
Vontade amortecida, ensurdecida e muda.

Imutável é ilusão
Cíclica visão
montanha russa do saber.
É possível conhecer?
a tu,
a vós,
a mim?
Estar.
Ser
Palavras
que saíram de ti
só confirmam
o que era:
sabido,
insistido,
negado.
Importância não há.
Eu já deveria
ter te anulado
dentro de mim
ao menos
há muito tempo.
Indiferença