Fim de tarde


Estava pingando.
Havia entrado no banheiro a 8 horas atrás,

quebrando o silêncio com gotas que caiam sobre o solo. 
Seu cabelo ainda pingava, e não sentia mais as suas pernas. 
Inerte.
Incoerente. 
Incompreensível. 
De tanto que os pensamentos iam e vinham na sua mente,
não conseguia esquecer aquela cena. 
Daquela boca amargurada nada saia. 
Não havia voz.
Também não escutava.
Não se concentrava. 
Parecia um filme arranhado,
que lhe rasgava a memória cada vez que era reprisado. 
Outrora ganhava uma coragem. 
Um misto de ódio, e ódio. 
Ao mesmo tempo em que construía planos, desconstruía tudo. 
Pela primeira vez passara a sentir o gosto amargo de ser Humano.

Um comentário: